domingo, 29 de novembro de 2015

PLANO B - resumo do livro de Richard Simonetti


Roberto e Cristina preparavam-se para reencarnar. Há séculos estreitavam laços de afetividade. Ambos haviam falhado inúmeras vezes em experiências pretéritas, colhendo frustrações, ampliando débitos, mas eram agora suficientemente amadurecidos para assumir e cumprir tarefas em favor de seu progresso e bem-estar. Mas, o grande desafio é o esquecimento ao mergulhar no corpo de carne. É difícil manter fidelidade ao destino traçado tendo em vista as fragilidades. Mas, ninguém cresce sem enfrentar desafios. Então, Roberto e Cristina nasceriam para amparar-se mutuamente e desde verdes anos mostrariam a tendência para exercerem a medicina. E seus mentores seriam Fernando e Carlos.
Roberto nasceu como filho de Custódio e Angelina ambos espíritas e, Cristina nasceu como filha de Dolores e Cristóvão ambos protestantes.
Roberto ficou órfão de pai aos 12 anos de idade e continuou seus estudos com o apoio da mãe até se formar em Medicina.
É preciso explicar que existe um planejamento para o reencarnante, feito por ele próprio, ou por mentores espirituais quando não tenha condições para tanto. E há, também, multidões que reencarnam sem programa detalhado. A razão é simples: seria ocioso. Em sua imaturidade, não cumpririam o planejado.
Enquanto Roberto se dedicava aos estudos, Cristina se encantava por Rino seu professor de biologia do cursinho preparatório para o vestibular de Medicina. Este encantamento resultou em uma gravidez. A família tratou de marcar logo o casamento. Os mentores preocupados buscaram Augusto para um entendimento e este explicou que era assim mesmo e o jeito será pôr em prática o Plano B, apoiando Cristina e o marido para que cumpram deveres nascidos não de uma programação elaborada no plano espiritual, mas de suas próprias escolhas no plano físico. E Roberto seguirá em frente, retirando o casamento do rol de seus anseios, já que para Espíritos de sua estirpe não haverá chance de uma união sem amor. Ele jamais se deixará envolver pelos embalos de uma paixão. Mas, Roberto sentiu uma inexplicável inquietação associada de indefinível tristeza. A razão desse sentimento estava no casamento de Cristina, que os afastava do planejamento feito. A ligação de ambos, fruto da afinidade que os unia, o levava a sentir que algo de grave estava acontecendo, relacionado com sua existência, seu futuro. Ele experimentava extrema carência afetiva, “prato cheio” para Sandra, estudante de Medicina, loira escultural que nutria paixão nada secreta por Roberto, não por afinidade, mas por passionalidade. Não o amava. Simplesmente o desejava, com a intensidade das pessoas orientadas pela sensualidade. Para resistir ao assédio das jovens, Roberto fazia-se de inocente, como se não percebesse as sinalizações de gestos e palavras que usavam para conquistar sua atenção. Coma a intuição das pessoas sintonizadas com os apelos do prazer, Sandra pressentiu a carência de Roberto e “deu o bote”. Pediu auxilio com os estudos de anatomia. Roberto percebeu o pretexto, mas acabou cedendo ao pedido. O encontro foi marcado no apartamento de Sandra. Esta o recebeu com roupas minúsculas, perfumada, sorridente entre beijinhos tradicionais. Não tardou para ambos se envolverem mais intimamente. Roberto deixou o apartamento horas depois com sensação de frustração que sempre o envolvia nas raras vezes em que exercitava os prazeres do sexo. Como ocorre com os Espíritos amadurecidos, não conseguia dissociar a comunhão de corpos de uma comunhão de almas. Para ele o sexo só seria realmente gratificante quando fosse parte do amor, jamais o amor por inteiro.
Sandra sentiu-se envolvida, mas Roberto arrependera-se de sua fraqueza. Não podia sustentar relacionamento amoroso com Sandra, simplesmente porque não conseguia colocar o sexo à frente do amor. Sandra, ao ser rejeitada rapidamente transformou o grande amor que sentia por um grande ressentimento inspirando desejos de vingança próprios dos Espíritos imaturos. Dias depois procurou a direção da faculdade e, denunciou Roberto por assédio sexual e violência contra ela. Um processo foi aberto. Roberto quase foi expulso da faculdade, o que destruiria o ideal de sua vida, os planos elaborados na espiritualidade. Os amigos o defenderam, mas quem mudou o rumo dos acontecimentos foi o depoimento do professor Oton Giraldi, um cirurgião cardíaco muito respeitado na faculdade. Ele citou o caráter de Roberto.
Por outro lado, Cristina dava continuidade à sua vida. Ela teve 3 filhos com Rino. Mas, embora contando com um lar confortável, marido atencioso, filhos maravilhosos, faltava alguma coisa em sua vida. Ela pensava na faculdade que teve que parar e não sentia o marido como o homem de sua vida. Passada a ardência passional, ela não conseguia ver o marido senão um amigo. Ele sempre ansioso pela comunhão íntima, nos domínios do sexo, sentia-se irritado por senti-la distante, desmotivada. Não tardou em buscar experiências extraconjugais.
Roberto se formou em 1971 especializando-se em cirurgia cardíaca. E continuava aguardando sua alma gêmea. Quando jovem teve várias namoradas, ficou noivo duas vezes, mas não se sentia animado com a idéia de “amarrar-se”. Como espírita, sabia que alma gêmea é uma expressão para designar o membro da família espiritual com o qual tenhamos afinidade maior. Não era o que sentia pelas jovens que se relacionou. Chegou a achar que não havia um planejamento de casamento em sua vida e que seu casamento seria com a Medicina. Em 1980, um infarte fulminante encerrou a carreira vitoriosa do doutor e amigo Oton Giraldi que, do plano espiritual, passou a apoiar Roberto em seu trabalho que se tornou o mais eficiente gênio em sua profissão. Atendia todos, ricos ou pobres com gentileza e cuidado.
Cristina tinha dois irmãos, Cristiano e Cristiam. Cristiano desencarnou num acidente de carro, motivado por excesso de bebida alcoólica. Tempos depois sua mãe Dolores enfartou e foi levada ao hospital. Foi examinada pelo doutor Roberto que sentiu forte emoção ao ver Cristina. Ele operou Dolores que se recuperou rapidamente. Roberto e Cristina se aproximaram em decorrência da doença de Dolores. Tornaram-se amigos. Cristina sentia emoções desconhecidas na presença de Roberto. Sentia nele um velho conhecido, alguém muito importante em sua vida. Roberto sentia-se feliz ao lado de Cristina, mas frustração em saber que ela era casada e tinha 3 filhos.
Cristovão ficou agradecido pela dedicação de Roberto e não quis perder contato. Fazia questão de sua presença em sua fazenda. Roberto tentava manter-se distante, mas não foi possível diante dos acontecimentos. Cristiam, o irmão de Cristina, tinha pesadelos com o irmão desencarnado Cristiano. Acordava aos gritos. A família evangélica chamou um pastor, que tratou o caso como algo demoníaco. Como não deu resultado procuraram um psicólogo que também não resolveu. Cristina sugeriu que pedissem ajuda à Roberto que era espírita. Os pais não sabiam da religião de Roberto. Apesar do espanto resolveram chamá-lo para pedir ajuda. Roberto aceitou o convite e levou a mãe Angelina. Tomou conhecimento do ocorrido e ajudou o rapaz que apenas intermediou um diálogo com o irmão desencarnado. Explicou à família que Cristiam era médium e precisava disciplinar a faculdade com o conhecimento espírita. Apesar de assustados concordaram.
Rino começou um tratamento com uma dermatologista já que estava com progressiva queda de cabelo. A médica era Sandra, aquela colega de Roberto que lhe havia causado problemas. Ela teve 3 casamentos conturbados, em face de sua vocação a infidelidade. Ela tinha um filho chamado Vicente que era seu grande amor. Era um menino que despertou desde cedo para as realidades espirituais. Ele foi um companheiro de milenares jornadas de Sandra. Mas esta, não superou sua vocação para relacionamentos afetivos inconseqüentes. Logo tornou-se amante de Rino. Ela sugeria que ele separasse da esposa e fosse morar com ela. Ele tinha vocação para o adultério, mas era apegado à família. Sandra não se conformava e mandava bilhetes para Cristina que não sabia o que fazer. Então, procurou Roberto para se aconselhar, mas soube que ele havia viajado para o exterior. Ficaria afastado do Brasil por 2 anos. Ele trabalharia como Médico sem Fronteira que é uma organização não governamental sem fins lucrativos, que envia profissionais de saúde para atuar em regiões carentes e conflituosas. Ele aceitou o convite para não se envolver ilicitamente com Cristina. Rino, pressionado por Sandra e por entidades malfazejas, resolveu deixar o lar e alojar-se num flat até criar coragem para mudar-se ao apartamento de Sandra. Diante de tanta pressão, Rino sofreu um AVC, com ruptura de um vaso no cérebro, em processo de derrame. De amante viril, tornou-se um enfermo necessitado de ajuda. Não tardou para começar as desavenças. Sandra afastou-se de Rino e planejava descartá-lo. Seu pai a apoiava, a mãe não achava justo e o filho Vicente se incomodava com a frieza da mãe. Sandra queria sua liberdade. Então, procurou Cristina e disse para que ela o buscasse, senão o mandaria para um asilo. Cristina chocou-se com a frieza de Sandra, mas sentiu piedade de Rino e em breve dias voltou para a casa.
Roberto escrevia para a mãe contando que estava no Sudão, um dos países mais pobres da África e detalhes de seu trabalho. Era o único meio de comunicação.
Cristina começou a freqüentar o Centro Espírita para incentivar o irmão Cristiam. Lá tirava suas dúvidas.
Roberto voltou ao Brasil porque sua mãe estava gravemente enferma. Esta desencarnou após conversar com o filho.
Roberto só tinha a mãe, por isso se aproximou da família de Cristina. Sublimou seu afeto por Cristina, realizando-se no amor fraterno ao invés de torturar-se por impossível amor romântico. Sentia-se feliz simplesmente tendo-a por perto. Cristina aprendeu com o Espiritismo que Rino foi um desvio de rota, mas que havia assumido compromisso com ele que deveria respeitar, a fim de não incorrer em novo desatino. Rino sentia ciúme de Roberto que passou evitar freqüentar a casa de Cristina. Passou a conviver com ela e o irmão no Centro Espírita. Cristiam progredia no campo mediúnico. Recebeu várias vezes a manifestação do irmão, que ainda estava perturbado. Dolores, mais acessível, emocionava-se ao receber notícias do filho desencarnado. Numa das reuniões Cristina foi avisada que Cristiano estava fazendo progressos em sua condição. Mas era preciso que retornasse ao grupo familiar. Como a mãe não tinha condições de engravidar, ele viria de forma indireta, ou seja, como adotivo. Dolores e o marido, depois de buscar entender o assunto, concordaram. Um ano depois, visitando um orfanato onde costumava contribuir mensalmente, deparou-se com um recém-nascido abandonado anonimamente. Dolores sentiu forte emoção ao colocá-lo em seus braços. Era Cristiano de retorno, agora com o nome de Cristóbulo.
Sandra procura Roberto implorando que cuidasse do filho Vicente que era portador de grave lesão congênita no coração. Roberto pensou em não aceitar, com receio de não dar certo e que Sandra pensasse ser uma vingança. E ela era capaz de tudo. Mas ela implorou e pediu perdão por tudo que fez. Roberto aceitou o pedido. O que Roberto não sabia era que Vicente tinha encontro marcado com a morte. Nasceu para uma existência breve, a fim de tocar a sensibilidade de Sandra. Sua morte na infância motivaria uma transformação, ajudando-a a mudar os rumos de sua vida, levando-a a procurar os valores espirituais. Mas, Carlos, o mentor espiritual de Roberto estava preocupado, porque tinha receio da reação de Silas. Poderia complicar a missão de seu pupilo que deveria cumprir sua missão na Medicina em paz. Carlos procurou Augusto, na colônia Abrigo das Almas para aconselhar-se. Ficou resolvido que dariam à Vicente uma moratória, ou seja, ele teria mais 3 anos de vida na carne, suficiente para consagrar a cirurgia como vitoriosa, isentando Roberto da ira de Silas. No dia seguinte Vicente foi operado e a cirurgia foi coroada de êxito. Sandra e Silas ficaram gratos a Roberto. Sandra contou ao pai de sua armação contra Roberto na faculdade. Este tinha consciência de que foi uma armação da filha, mas pediu que deixasse tudo no passado.
Após 3 anos, conforme o previsto, completou-se a moratória de Vicente. Este pressentiu que sua hora estava chegando e, sob inspiração de mentores espirituais, procurou preparar o Espírito de Sandra. Dias depois o menino teve parada cardíaca em pleno sono. Sandra jamais experimentou abalo tão grande. Roberto conversou com Sandra no velório. Convidou-a para freqüentar o Centro Espírita Amigos do Mestre. Ela aceitou. Lá encontrou com Cristina e pediu perdão pelo que fez a Rino e a ela. Cristina percebeu que havia sinceridade em suas palavras e a perdoou. E a vida seguiu seu curso.
Cristina cuidando de Rino; seus filhos casados cuidam da prole; Cristiam inteiramente dedicado às atividades espíritas, sem espaço para o casamento; Cristóbulo demonstrando horror às bebidas alcoólicas, baladas e motocicletas, em face de sua trágica experiência pretérita; Cristóvão e Dolores envelhecendo com a tranqüilidade dos que guardam a consciência tranqüila; Carlos e Fernando estavam felizes com seus pupilos que optaram pelo caminho certo, contendo os impulsos passionais que costumam aflorar em tais situações. Quando a razão supera o instinto fica mais fácil lidar com as tentações.
Em 2002 Rino desmaia com forte dor no peito, é internado na UTI e desencarna.
Um ano depois, em cerimônia simples, com a presença de familiares e amigos íntimos, Roberto e Cristina casam-se.
O Céu rejubila-se com eventos dessa natureza, quando inspirados no amor legítimo e na disposição de uma existência a dois marcada pelo respeito às leis divinas e pelo esforço do Bem. Desvios de rota são freqüentes na jornada humana. Difícil compatibilizar o que planejamos no mundo espiritual com o que fazemos no mundo físico. Mesmo missionários que reencarnam com importantes tarefas em favor do progresso humano, não raro desviam-se, comprometendo planos cuidadosamente elaborados. É por isso que mais consertamos os estragos do passado do que edificamos para o futuro. Assim será enquanto o egoísmo for o móvel das ações humanas. Permanecemos próximos da animalidade instintiva, que favorece desvios, e distantes da angelitude, sem compatibilizar os desejos terrestres com os desígnios celestes.
Não obstante, a misericórdia divina nos oferece infinitas oportunidades de reabilitação e ninguém está irremediavelmente transviado. Não é preciso muito para valorizar a experiência reencarnatória, evitando ou superando desvios. Basta manter a luz do Evangelho, se estamos cumprindo o que Deus espera de nós. Estaremos bem perto de fazê-lo, à medida que substituirmos, no verbo de nossas ações, o eu pelo nós. O egoísmo pelo altruísmo, fazendo ao próximo o bem que gostaríamos de receber, conforme a sábia orientação de Jesus.

Resumo feito por Rudymara do Grupo de Estudo “Allan Kardec”


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