sábado, 1 de outubro de 2016

CONHEÇA A BÍBLIA




                                                                   A  BÍBLIA

Para os judeus, principais remanescentes dos israelitas, a Bíblia se resume ao conjunto de livros conhecido como Velho Testamento, onde está toda a história de seu povo, na Antigüidade. Revelações espirituais recebidas, lutas de conquista e defesa da Terra Prometida, obras-primas literárias de seus escritores, costumes legislação adotados, tudo ali se retrata e registra para a posteridade.
Ao Velho Testamento, os cristãos anexaram outro conjunto de livros, o Novo Testamento, que abrange: os relatos da Vida de Jesus (Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João); os feitos de seus seguidores mais imediatos (Atos dos Apóstolos); as cartas que escreveram Paulo, Tiago, João, Pedro e Judas (Epístolas); e o profético e enigmático livro de João (Apocalipse).
Os israelitas rejeitam essa junção do Novo ao Velho Testamento, pois não reconhecem Jesus de Nazaré como o Cristo, o Messias que lhes fora prometido e que talvez ainda esperem.

QUE É A BÍBLIA?

A Bíblia é um conjunto de livros que relata a história dos hebreus, povo asiático da Antigüidade, que se instalou na Palestina.
Seus livros foram escritos por vários autores, em épocas diversas.
Teriam sido 36 os seus autores, contados desde Moisés (1437 a C), o 1º deles a escrever, até João, pescador e apóstolo (em 98 d C).
O conjunto todo, portanto, foi escrito ao longo de 1571 anos (quase 16 séculos).
Quem primeiro usou a palavra bíblia?
Do grego “byblos” = livro, para designar essa coleção de textos como “o livro por excelência” foi João Crisóstomo, patriarca de Alexandria (entre 398 a 404 d. C.

COMO SE DIVIDE?

Como a conhecemos hoje, a Bíblia está dividida em duas partes: o Antigo (ou Velho) Testamento e o Novo Testamento.
Por que Testamento?
O termo original, em hebraico, era “herith”, que quer dizer: ajuste contratual entre pessoas ou tratado político entre tribos.
Traduziram para o grego pela palavra “diatheke”, que pode ser usada tanto no sentido de pacto ou aliança como no de testamento.
Ao passar para o latim ( e daí o português), foi traduzida como testamento. O melhor sentido, porém, teria sido outro: pacto, aliança, porque fora exatamente um pacto que (segundo os israelitas) Deus (a quem chamavam Jeová) teriam feito com eles, nos seguintes termos:
1)      Deviam ter Jeová como único e verdadeiro Deus e só a Ele servir, fielmente, pois para isso os escolhera (“povo eleito”).
2)      Em troca, Ele os protegeria sempre, os faria muito numerosos, livres, poderosos e lhes daria uma terra fértil para habitarem (até então eram nômades).

VELHO  TESTAMENTO

É constituído pelos livros que foram escritos antes da vinda de Jesus. Narra toda a história do pacto entre Jeová e os israelitas e de tudo quanto se seguiu em cumprimento dele. Seus livros abrangem a história, religião, instituições e costumes hebreus; alguns deles são as principais obras literárias e filosóficas desse povo. Também contêm o registro das manifestações e revelações espirituais que, ao longo de sua história, os hebreus receberam da Espiritualidade Superior.
Em alguns deles, já se anuncia o advento do Cristo, um redentor para o povo hebreu.
Quando dizia “a lei e os profetas”, Jesus estava aludindo aos livros do Velho Testamento, que continham os mandamentos e ordenações a que os israelitas obedeciam.

NOVO  TESTAMENTO

Com a vinda de Jesus e através dele, um novo pacto ou aliança foi firmado por Deus (Lc. 22:20; Mc 14:24; Mt. 26:28; Ex. 24:6/8), agora não apenas com o povo hebreu, mas extensivo a toda a humanidade.

Os livros do Novo Testamento:

1)      Contam a história do advento de Jesus, o Cristo, e da repercussão que causou na Palestina e no mundo.
2)      Fazem a biografia terrena de Jesus, relatando seus principais feitos e ensinos, bem como os de seus primeiros e mais direitos seguidores.

Observação:  Para os israelitas, a Bíblia consiste unicamente no Velho Testamento, pois não reconhecem Jesus como o Messias Prometido.
Para os Cristãos, a Bíblia abrange o Velho e o Novo Testamento.

EM QUE IDIOMA FOI ESCRITA?

Velho Testamento: Seus livros foram, na maioria, escritos em hebraico (idioma semítico que, após o cativeiro na Babilônia, os hebreus usavam na liturgia, no culto religioso); apenas algumas passagens foram escritas em aramaico (idioma semítico falado em Arã, usado pelos israelitas em suas relações internas e com outros povos).

Novo Testamento: Jesus falava aramaico, mas nada escreveu; seus discípulos é que escreveram sobre ele e o fizeram em grego, com exceção de Mateus, que escreveu em aramaico.

VERSÕES E TRADUÇÕES QUE DELA FIZERAM

A Versão dos Setenta: No século II a C., sábios judeus que viviam na Alexandria (Egito) traduziram para o grego os livros do Velho Testamento, acrescentando a eles mais outros 7 livros; os judeus de Jerusalém não aceitaram esses acréscimos.

A Vulgata (em latim, divulgada): O idioma grego foi perdendo sua importância como idioma cultural, enquanto o latim dos dominadores romanos começava a se impor. No século IV d.C., já havia uma tradução da Bíblia para o latim.
Papa Dâmaso (pontífice entre os anos 366-384 d.C.) ordena a São Jerônimo revisão e tradução das versões existentes para o latim.
Atendendo à determinação papal, São Jerônimo examinou as versões existentes, uniu o VT (com base na versão dos 70) ao NT e traduziu tudo do grego para o latim.
É a denominada Vulgata, única versão que a Igreja Católica adota, embora permita o estudo de outras.

Impressão gráfica em alemão: Até o século XVI, só tinham acesso à Bíblia e podiam lê-la, o clero católico e as pessoas por ele autorizadas.
Então, traduziu-a para o idioma do seu povo (o alemão) e, graças à imprensa recém-inventada por Guttemberg, publicou-a e a popularizou.

Traduções para o português

As mais conhecidas são:
1)      Protestante: a de Ferreira de Almeida, publicada em 1748, muitos anos após a morte dele.
2)      Católica: a do Padre Antonio Pereira de Figueiredo.

POR QUE ESTUDÁ-LA?

O estudo da Bíblia é importante e interessa a todos os cristãos (inclusive, portanto, aos espíritas), porque:
1)      É na Bíblia que encontramos os relatos sobre a vida de Jesus (que era judeu, da casa de Judá, uma das tribos dos hebreus) e a história do povo em que ele nasceu e viveu.
2)      Conhecendo o povo, a época, os lugares e as circunstâncias em que Jesus viveu, poderemos entender melhor seus atos e sua mensagem.
No estudo bíblico, porém, não podemos ignorar que no Velho Testamento há:

Uma parte humana, constituída:
1)      Pelas idéias que os hebreus faziam quanto à origem do Universo, a criação da Terra e dos seres que a habitam.
2)      Pela legislação civil, disciplinar, estatuída por Moisés e outros dirigentes do povo hebreu.

Dessa parte humana da Bíblia, muita coisa ficou ultrapassada pelo progresso do conhecimento humano e mudança dos costumes sociais.
Exemplos:
1)      O direito e dever da viúva sem filhos de casar com o cunhado para suscitar descendência para o marido morto (Deut. 25:5).
2)      O dever de os pais apresentarem o filho rebelde e contumaz para ser apedrejado e morto (Deut. 21:18/21).
3)      A permissão da escravidão, a venda de filhos como escravos, ou a de si mesmo por pobreza (Lev. 26:44/47, 21:7).
4)      A prisão por dívida e sem poder sair antes de pagar o que deve (Jesus alude a isso em Mt. 18:30).
5)      A proibição de o filho bastardo entrar na congregação do Senhor até a décima geração (Deut. 21:18).

Uma parte divina, constituída: Pelas revelações feitas por bons Espíritos em nome de Deus e através de Moisés e outros profetas (médiuns), transmitindo ensinamentos sublimes sobre as leis divinas.
Como tudo que é divino, essa parte dos ensinamentos bíblicos não mudou nem perdeu seu valor, permanecendo atual sempre.
Exemplos:
1)      O Decálogo (os dez mandamentos) (Ex. 21:1/17, Deut. 5:6/21).
2)      A hospitalidade para com os viajores (Gen. 18:1/18, 19:1/3).
3)      Não oprimir a viúva, nem o órfão, nem o estrangeiro, nem o pobre (Zc. 7:10).
4)      Preferir Deus a misericórdia e não os sacrifícios ou holocaustos (Os. 6:6).
5)      O justo não paga pelo pecador e há recuperação do pecador que se arrepende (Ez. 18).

Não basta, pois, ler a Bíblia e decorar suas passagens. É preciso entender, discernir e interpretar o que ela contém.
E muito nos ajudará, no entendimento das passagens bíblicas, o conhecimento de usos e costumes do povo hebreu, caráter dos israelitas, o modo de se expressarem em imagens fortes e simbólicas, etc.

Quantos livros são?

Para os judeus, como não reconhecem Jesus por Messias, somente são válidos os 39 livros do Velho Testamento.
Seriam 46, se os judeus de Jerusalém houvessem aceitado os 7 livros acrescentados na Versão dos Setenta, a saber: Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc, Macabeus (2 livros), além de fragmentos nos livros de Daniel e de Ester, como, também, 1 carta do profeta Jeremias (Lamentações).
Para os cristãos, aos livros do V.T. somam-se os 27 do N.T., que falam sobre Jesus.
A Igreja Católica, ao se organizar, adotou o V.T. baseando-se na Versão dos Setenta.
Mas os protestantes, ao fazerem a Reforma (com Lutero, no Séc. XVI), excluíram da Bíblia esses 7 livros.

Portanto a Bíblia tem:       VT        NT       Total de livros

Para os judeus                       39          -                   39
Para os católicos                   46          27                 73
Para os protestantes              39          27                 66

A Igreja Católica denomina:
1)      Canônicos aos 73 livros, porque os considera como inspirados por Deus.
Foram oficializados pelas prescrições do Concílio de Trento (1546) e do Concílio Vaticano I (1870), sendo:
Protocanônicos: os livros que sempre foram aceitos como divinamente inspirados.
Deuterocanônicos: os 7 livros e fragmentos aceitos posteriormente.

2)      Apócrifos aos livros que, embora contemporâneos dos escritos bíblicos, não fazem parte da Bíblia, porque não são considerados como obras inspiradas por Deus, embora existam neles muitos dados históricos e doutrinários de valor; mas neles há, também, idéias que conflitavam com o entendimento da Igreja Católica e até colocações notoriamente exageradas e sem fundamento.
Esses documentos apócrifos também são de interesse para o estudioso do Cristianismo e do Espiritismo.

No Velho  Testamento


1)      Pentateuco: É o nome grego dado ao conjunto dos 5 livros que abrange a legislação mosaica.
       Torah é o seu nome hebraico. Os israelitas também diziam A LEI, por consubstanciar as regras para   governar o procedimento dos homens.
a)      Gênese (=origem): história simbólica das origens da humanidade (a criação, de Adão a Noé) e do povo hebreu (dos patriarcas até sua entrada no Egito).
b)      Êxodo (= saída): narra as agruras dos hebreus sob domínio, no Egito, sua saída de lá e a aliança com o Senhor, através do Decálogo.
c)      Levítico (=referente aos levitas): instrui os levitas sobre o culto (todos os servidores do Templo eram da tribo de Levi e os sacerdotes, em especial, da família de Aarão); mas também é um núcleo da legislação mosaica, relacionando leis civis e religiosas.
d)      Números: seu nome vem das listas de números e nomes sobre as famílias do povo hebreu; repete parte do êxodo (40 anos no deserto) e apresenta outras leis e prescrições.
e)      Deuteronômio (=segunda lei): repete e complementa os capítulos 20 a 23 do Êxodo; relata os últimos fatos da vida de Moisés e sua morte (isso exclui seja esse patriarca o autor de todo o Pentateuco).

2)      Livros Históricos

São 12 livros e mais 4 deuterocanônicos (os 7 livros e fragmentos aceitos posteriormente).
Registram a conquista de Canaã (Palestina), os feitos de seus chefes guerreiros (Juízes), a instalação do reino de Israel até sua divisão e decadência, terminando com o deportamento para a Babilônia, seguido da restauração do reino por Ciro, o imperador persa.
Narram, também, o jugo sofrido ante a Síria e a libertação por Judas, Macabeu.
São eles: Josué, Juízes, Ruté, Samuel I e II, Crônicas I e II, Esdras, Neemias (também classificado como Esdras II), Tobias e Judite (deuterocanônicos), Ester (fragmentos deuterocanônicos), Macabeus I e II (deuterocanônicos).

3)   Livros Sapienciais (de sabedoria).

São 5 livros e mais 2 deuterocanônicos.
Abrangem obras filosóficas e religiosas: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cântico dos Cânticos, Sabedoria (deuterocanônico), Eclesiásticos (deuterocanônico).

4)  Profetas 

18 são os livros (2 deles deuterocanônicos), mas 17 os profetas (profeta: o que fala por, intermediário, porta-voz).
São mensagens de inspirações mediúnica intercaladas de passagens históricas.
Os profetas hebreus não são classificados cronologicamente, mas pela extensão de seus escritos, em:
Maiores: ISAÍAS, JEREMIAS, EZEQUIEL, e DANIEL (fragmentos deuterocanônicos).
Acrescente-se o livro Lamentações (de Jeremias, deuterocanônico).
Menores: BARUC (deuterocanônico), OSÉIAS, JOEL, AMÓS, ABDIAS, JONAS, MIQUÉIAS, NAUM, HABACUC, SOFONIAS, AGEU, ZACARIAS e MALAQUIAS.

No Novo Testamento (27 livros)

1)      Evangelhos (4 livros) : Evangelho, em grego, significa “boa nova” e esses livros assim se denominam por tratarem das notícias alvissareiras da chegada do Messias Prometido e da nova era que se abre para a humanidade.
Os Evangelhos são resumos da vida, feitos e ensinos de Jesus.
Não foram por ele escritos (ensinava oralmente e nada deixou escrito).
As primeiras narrações sobre Jesus somente apareceram dezenas de anos após a sua morte (ano 50 ou 70 d. C.).

Classificam-se em:
a)      Sinóticos
Três dos Evangelhos que podem ser distribuídos em 3 colunas paralelas e abrangidos de um só olhar (sinopse):
Foram escritos por:
Mateus: antes de ser chamado por Jesus era coletor de impostos, seu nome era Levy; por ser funcionário, mostra Jesus como “Rei”;
Marcos  (João): primo de Barnabé; baseou-se em reminiscências de Pedro; mostra Jesus como “servidor incansável”;
Lucas: era de origem grega e o mais intelectualizado; investigou por via indireta para escrever; mostra Jesus como “homem” (genealogia, etc.)

b)      Simbólico
Assim é chamado o Evangelho escrito por João (irmão de Tiago, filho de Zebedeu). Foi o último a escrever e o fez na Ásia Menor, entre 90 e 100 d.C.
Mais espiritualizado, mostra Jesus como “entidade celestial”.

Evangelhos Apóclifos


Houve muitos outros escritos sobre Jesus e seus ensinos.
Talvez alguns contivessem dados importantes, mas foram considerados apócrifos: sem autenticidade, não inspirados e, pois, sem valor normativo de fé. Lucas alude a outros escritos no 1º versículo do seu Evangelho.
Orígenes, no século III, dizia existirem muitas dessas narrativas.
Atualmente, sabe-se de 20 deles, sendo os principais: Evangelho segundo os Hebreus, Evangelho dos Doze Apóstolos, Evangelho segundo os Egípcios, Evangelho de Pedro, Proto-Evangelho de Tiago, Atos de João, Atos de Paulo, Atos de Pedro, Atos de Tomé, 3ª Epístola aos Coríntios, Epístola aos Laodicenses, Apocalipse de Pedro, Apocalipse de Paulo, etc.
Exemplos de histórias apócrifas:
-          a das espigas eretas e as vergadas para o solo (quem tem real valor não procura se exibir).
-          A dos dentes de um cã morto (saber enxergar o bem em tudo e em todos).

2)      Atos dos Apóstolos (1 único livro)

É a continuação do Evangelho, após o episódio do Calvário.
Conta os efeitos dos seguidores de Jesus, após a ressurreição do Mestre, nos primeiros tempos do Cristianismo, destacando os apóstolos Pedro e Paulo.
Sua autoria é atribuída a Lucas.

3)      Epístolas

São as cartas escritas pelos apóstolos e discípulos às igrejas, ou seja, às assembléias, agrupamentos dos primeiros cristãos.
Conservaram-se apenas 21 delas, das quais:
a)      14 paulinas (escritas por Paulo)
São as únicas com título, conforme os destinatários: Romanos, Coríntios I e II, Efésios, Filipenses, Colossenses (estas 3 últimas chamadas de “epístolas do cativeiro” sofrido por Paulo, em Éfeso ou Roma, no ano 60-62 d.C.), Tessalonicenses I e II, Timóteo I e II, Tito (estas 3 chamadas de “pastorais”, porque nelas Paulo visava a organizar as igrejas locais – Éfeso e Creta – e “ordenar a disciplina eclesiástica é função pastoral”), e, ainda, Filêmon – Hebreus.

b)      7 católicas  (= universais)
Dirigidas a todos os fiéis e escritas por Tiago (Menor) 1; Pedro 2; João 3; e Judas (Tadeu) 1.

4)      Apocalipse (=revelação, em grego)
É um livro de origem mediúnica, no qual o evangelista João relata suas visões, profecias e mensagens recebidas.
É como que uma carta destinada às Igrejas da Àsia Menor e foi escrito por João na Ilha de Patmos, onde estava exilado por ordem do Imperador Domiciano.
Fala do futuro (que iria acontecer naquele tempo, ou, então, que ainda vai acontecer à humanidade). Afirma que, apesar da oposição do mal, a vitória final será do bem.
Por ser muito simbólico, é de difícil interpretação.

Observação:
Mais manuscritos bíblicos descobertos.

Duas descobertas ocasionais de manuscritos relacionados, de alguma forma aos tempos e povo bíblico ocorreram no final da primeira metade deste nosso século, a saber:
-          em 1947, numa caverna nas imediações do Mar Morto, na Judéia, manuscritos que pertenceram a uma comunidade essênica estabelecida na região, no local denominado Qumram, um século antes do nascimento de Jesus. Por meio deles, foi possível reconstituir, com relativa segurança, crenças, rituais, hábitos e costumes daquela comunidade essênica;
-          em 1945, nas imediações de Nag-Hammadi, no Alto Egito, manuscritos em linguagem copta, que compunham uma biblioteca gnóstica e datam, materialmente, do século quarto, mas reportam-se a manuscritos originais que recuam, no mínimo, a meados do século e, em alguns aspectos tradicionais, à Segunda metade do primeiro século, o que nos leva de volta à época em que ainda viviam os apóstolos diretos do Cristo, a fase formadora das doutrinas cristãs, ao tempo em que estas se cristalizaram em sacramentos, ritos, dogmas e estruturas administrativas.
Entre esses manuscritos, está um que deve ser cópia do famoso e perdido Evangelho de Tomé, considerado apócrifo e do qual só se conheciam alguns fragmentos em grego, descobertos em 1890.
Para exata avaliação da importância desses textos, embora não se possa atestar a pureza virginal, é certo que pelo menos durante quase 16 séculos não sofreram manipulações mutiladoras, como aconteceu aos documentos chamados canônicos.



Como procurar passagens na Bíblia

Como os demais livros dos tempos antigos, os livros bíblicos eram escritos em papiro ou em pergaminho; tinham as folhas coladas abaixo uma das outras e eram guardados como rolos.
A Bíblia passou a ser uma coleção de livros manuscritos em papel, quando esse material, que havia sido inventado pelos chineses, foi introduzido na Europa.
A invenção da imprensa, por Guttenberg (cerca de 1436) permitiu se passasse a fazer a impressão de numerosos exemplares de um livro. Isto veio a contribuir para a divulgação da Bíblia, que Martinho Lutero traduziu para o alemão e queria colocar ao alcance de todos os cristãos.
Inicialmente, colocados uns em seguida aos outros, os manuscritos bíblicos não traziam quaisquer divisões ou indicações que facilitassem a leitura ou a pesquisa. E os fatos, narrados em seqüência, também não recebiam qualquer separação nem indicação de assunto.
Mais tarde, começaram a ser feitas divisões e indicações nos livros bíblicos, para facilitar ao estudioso ou ao simples leitor a busca e a identificação de um assunto ou passagem. Pelo século 13 (ou 16), a Bíblia já estava inteiramente dividida em capítulos e versículos.
Atualmente, uma Bíblia apresenta as seguintes divisões e indicações:

1)      Índice
É uma relação com o nome dos livros que a Bíblia contém; a abreviatura dos nomes desses livros; em que página cada livro se inicia.
Às vezes, diz até quantos capítulos cada livro tem.

2)      Títulos
O título de um livro é anunciado em letras bem grandes. Ex.: O EVANGELHO SEGUNDO MARCOS. Como a impressão é seqüente, um livro pode começar no meio da página. O título, porém, destaca bem onde ele começa.

3)      Subtítulo
Vem no começo de uma passagem, em letras menores que o título, e antecipa o que ali se vai ler.
Exemplo:
João dá testemunho do Cristo.
(Mt. 3.11/12; Lc. 3.15/17; Jo 1.19/28)
As abreviaturas abaixo do subtítulo informam onde podemos encontrar o mesmo assunto nos outros evangelhos, para podermos comparar as narrativas.

4)      Capítulos e versículos
Eles dividem a narrativa, conforme os fatos ou assuntos vão surgindo.
Os capítulos indicam os trechos maiores, assuntos mais completos; reunidos, formam o livro.
Os versículos são frases reunidas sob um número; separam, dentro dos capítulos, as citações, comentários, fases da narrativa; reunidos, formam o capítulo.

5)      Número da página
Tanto pode vir encimando a página como no seu final.

6)      Conteúdo abrangido pela página
Costuma ser indicado no início da página.
Ex.: 1,9        II Timóteo         2,20.
Significa que a página em exame contém do capítulo 1, versículo 9, da II Epístola de Paulo a Timóteo, até o capítulo 2, versículo 20.
Se estivermos procurando outro capítulo (o 3, por exemplo), sabemos que devemos ir mais adiante, talvez na página seguinte.

7)      Explicações de rodapé
Se no fim de um versículo ou ao lado de uma palavra houver asterisco (*) ou uma letra ou número bem pequenos, quer dizer que, no rodapé da página, virá uma explicação ou observação especial sobre o que se está lendo.
Ex.: Na II carta de Paulo a Timóteo, cap. 1 vs. 5, lemos: "e de tua mãeb Eunice, e que estou certo, habita também em ti".
Olhando no fim da página, acharemos de novo o pequeno "b" e a observação: b cap. 1-5. Eunice: é nomeada nos Atos 16, 1.
Às vezes, as anotações e observações, comparações de datas, etc. vêm na lateral da página e não no rodapé.  

Como fazer a citação de uma passagem

Para fazer menção ao que é relatado na Bíblia, são usadas algumas expressões em especial:
Passo ou passagem: é o episódio ou trecho citado de um autor; uma das ocorrências ou acontecimentos.
Ex.: Este passo de Mateus está diferente do de Lucas.
Ex.: Nesta passagem, Jesus se encontra com Nicodemos.
Parábola: é uma história simbólica, comparativa, e conclusão moral.
Ex.: O relato sobre o rico e Lázaro é uma parábola e não uma passagem.
Ensino: é uma instrução.
Ex.: "Daí a César o que é de César", ensina Jesus.
Para indicar onde uma passagem se encontra, diz-se primeiro o livro, depois o capítulo e, se necessário, o versículo.
Ex.: Mateus, capítulo cinco, versículo 1 a 15.
5º capítulo de Mateus, versículos 1 a 15.
Mateus 5, vs. 1 a 15. Ou ainda Mt. 1/15.
Podemos, também, começar pelo versículo, citando em seguida o capítulo e, depois, o livro.
Ex.: Versículo 1 a 15, do capítulo cinco, do Evangelho de Mateus.

Exercício de localização de passagens na Bíblia

Procure achar na Bíblia as seguintes passagens:
O Decálogo (Os 10 mandamentos):
-          em Êxodo, cap. 20, vs. 1/17;
-          em Levítico, cap.19, vs. 1/4 e 11/18.
Proibição do intercâmbio mediúnico:
-          em Deuteronômio, cap. 18, vs. 9/14;
-          em Levítico, cap. 19, vs. 31.
Sobre reencarnação:
-          Jesus conversa com Nicodemos, em João 3, vs. 1/13;
-          João Batista é Elias de volta, em Mateus 11, vs. 7/15, e 17, vs. 1/3 e 9/13.
Jesus promete um Consolador:
-          em João, capítulos: 14, vs. 15/17 e 26; 15, vs. 26, e 16, vs. 12/14.

Livros auxiliares para o estudo bíblico

Harmonia dos Evangelhos
Apresenta o conteúdo dos 4 evangelhos canônicos em colunas paralelas. Assim, as ocorrências da vida de Jesus podem ser comparadas, segundo a narrativa dos evangelistas que as tenham registrado e na possível ordem cronológica.

Chave bíblica
Indica em que livro, capítulo e versículo uma determinada passagem se encontra na Bíblia.
Funciona assim:
-          escolhemos, na passagem, uma das palavras que mais caracterize o assunto nela tratado;
-          procuramos essa palavra na chave bíblica, entre as que lá se encontram, em ordem alfabética;
-          abaixo da palavra escolhida, estará uma relação de passagens onde ela aparece;
-          entre as frases ali citadas, identificaremos a da passagem que nos interessa.
Exemplo:
Onde estará, na Bíblia, a parábola do bom samaritano?
Nessa história, Jesus fala de um sacerdote, um levita e um samaritano bem como de salteadores. Poderíamos procurar na chave bíblica qualquer uma dessas palavras, para tentar localizar a parábola. Mas samaritano, provavelmente, será aquela em que estará registrada a passagem, por ser a mais importante e destacada.
Procurando a palavra samaritano na chave bíblica, encontraremos:
Samaritano
Mt 10.5 nem entreis em cidades de s
Lc 9.52 entraram numa aldeia de s para
Lc 10.33 Certo s, que seguia o seu caminho
Lc 17.16 agradecendo-lhe; e este era s
Jo 4.9 os Judeus não se dão com os s
Jo 4.39 Muitos s daquela cidade..nele
Jo 4.40 Vindo..s ter com Jesus, pediam
Jo 8.48 és e tens demônio?
Entre todas essas citações, a que nos interessa, no caso, é a de Lucas cap. 10 v.33, que destacamos.

Dicionário bíblico
É também um livro (em ordem alfabética) que explica termos, locais, costumes, cronologia, etc. dos assuntos citados na Bíblia.
Exemplo:
Jesus fala sobre os escribas e fariseus, em Mt 23:5:
"E fazem todas as obras a fim de serem vistos pelos homens; pois trazem largos filactérios, e alargam as franjas de suas vestes".
Que são filactérios?
No dicionário bíblico, encontramos:
FILACTÉRIOS, amuleto.
Tira em que se escreviam curtas sentenças do livro da lei de Moisés, usadas na fronte ou nos braços, Mt 23.5. em geral, os filactérios tinham a forma de uma caixinha de pequenas dimensões, feita de pergaminho, ou de pele de foca. O filactério usado na fronte continha 4 compartimentos, em cada um dos quais se localizava uma tira de pergaminho com uma passagem da Escritura. As 4 passagens eram: Ex 13.2-10; 11-17; Dt 6.4-9; 11.13-21. O filactério prendia-se à fronte, bem no centro e sobre os olhos, por meio de ataduras. A outra caixinha para o braço, continha um só compartimento, com uma tira contendo as 4 passagens já citadas. As primeiras três, serviam para regular o proceder. Todos os judeus traziam os filactérios durante as horas matinais de oração, exceto nos dias de Sábado e nas festas. Estes dias, já em si possuíam elementos que dispensavam o uso dos filactários, cp. Ex 13.9.


(Therezinha Oliveira)


Curiosidade: UM EXEMPLO DE DIVERGÊNCIA NAS TRADUÇÕES BÍBLICAS

O Salmo 19:8  -  Eis o texto transliterado do hebraico, para análise: "torát Iahvéh temimá mshibat nafésh. 'edut Iavéh neemanoáh machkimat péti".

Observemos as traduções existentes em algumas Bíblias estudadas: "A lei do Senhor é perfeita, e refrigera a alma". O testemunho de Deus é fiél, e dá sabedoria ao simples". João Ferreira de Almeida - Bíblia protestante da Sociedade Bíblica do Brasil.
"A lei do Senhor é perfeita, reconforta a alma. A ordem do senhor é segura, instrui o simples". Bíblia católica - Editora Ave Maria.
"Sim, a lei do Senhor é sem defeito, ela conforta a alma. Seguro é o testemunho do Senhor, torna sábios os simples". A Bíblia - Mensagem de Deus, Edições Loyola, São Paulo, 1989.
"A lei do Senhor é perfeita; ela devolve à nossa alma as forças perdidas. A revelação da vontade de Deus é digna de confiança; ela dá sabedoria a quem tiver disposto a aprender". - A Bíblia Viva - Editora Mundo Cristão. 11ª edição - São Paulo, 1999.
"A lei do Senhor que é imaculada, converte as almas: o testemunho do Senhor é fiél, e dá sabedoria aos pequeninos". A Bílbia Sagrada - Tradução direta da Vulgata feita por Antonio Pereira de Figueiredo. Lisboa, 1879.
"A lei de Iahvéh é perfeita, faz a vida voltar. O testemunho de Iahvéh é firme, torna sábio o simples". Bíblia de Jerusalém, Edições Paulinas.
"A lei de senhor é perfeita, ela dá a vida. A lei do Senhor é segura, torna perspicaz o simples". A Bíblia Tradução Ecumênica, Edição Loyola, 1994.
"A lei de Iahvéh é perfeita, faz a vida voltar; o testemunho de Iahvéh é firme, torna sábio o simples". Tradução da Bíblia de Jerusalém, edições Paulinas, São Paulo 1985.

Esta última é a tradução mais literal, no entanto, foge muito do sentido real do texto.
 A tradução correta, segundo o hebraico, fica então assim: "O ensinamento de Deus é perfeito, faz o espírito voltar. O testemunho de Deus é verdadeiro, transforma o simples em sábio".

Se podemos encontrar tanta divergência num só versículo, o que pensar com relação ao texto bíblico completo?

Do livro: Analisando as Traduções Bíblicas, de Severino Celestino da Silva, nasceu na cidade de Alagoa-Grande, estado da Paraíba, em 1949. É espírita há 25 anos, defende o Espiritismo à luz da Bíblia, como demonstra nesse livro (Analisando as Traduções Bíblicas) que dedica àqueles que não possuindo sectarismo religioso, buscam a verdade que liberta. É formado em Odontologia e possui curso de especialização em Periodontia, mestrado em Clínicas Odontológicas pela Universidade de São Paulo (USP), e doutorado em Odontologia Preventiva e social pela Fundação de Ensino Superior de Pernambuco (FESP). É professor de ensino superior no curso de Odontologia da Universidade Federal da Paraíba há 27 anos.
É ex-seminarista pesquisador, estudioso do hebraico e das religiões, principalmente do Judaísmo, base de todas as religiões cristãs. Nunca deixou de estudar a Bíblia, sempre buscando sua essência e conteúdo divino em sua língua original, o hebraico. Apresenta nesse trabalho, a história das "Traduções Bíblicas" e o que tem ocorrido com os textos sagrados, desde a época de Moisés até o presente, levando você a refletir sobre as palavras de São Jerônimo: "a verdade não pode existir em coisas que divergem". Realizou essa obra com o máximo de respeito possível a todo e qualquer princípio religioso. Procurou sobretudo mostrar que a "Doutrina Espírita" possui coerência com os textos sagrados e bases espirituais nos escritos de Moisés, dos profetas, de David e do próprio Cristo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário